- A Rússia está supostamente usando criptomoedas para o comércio de petróleo com a China e a Índia, de acordo com quatro fontes anônimas que não quiseram ser identificadas devido à sensibilidade da questão.
- Essa medida é uma resposta à escalada das sanções que limitam o acesso aos sistemas bancários internacionais e aos esforços para reduzir a dependência do dólar.
Como as sanções ocidentais continuam a pressionar a economia da Rússia, o país está se voltando cada vez mais para as criptomoedas para facilitar o comércio de petróleo com parceiros importantes como a China e a Índia. Em um movimento para contornar os canais financeiros convencionais, a Rússia começou a utilizar ativos digitais como o Bitcoin (BTC), o Ethereum (ETH) e o Tether (USDT) para realizar transações de petróleo.
O processo envolve a conversão de yuanes chineses e rúpias indianas em criptomoedas, que são então transferidas para a Rússia e trocadas por rublos. Esse método permite que os exportadores de petróleo russos contornem os sistemas financeiros controlados pelo Ocidente e reduzam a dependência do dólar americano.
Embora o uso de criptomoedas no comércio de petróleo ainda represente uma pequena fração do setor petrolífero russo de US$ 192 bilhões, ele está ganhando força rapidamente como uma alternativa viável aos sistemas de pagamento tradicionais. A mudança da Rússia para transações baseadas em criptomoedas ocorre em um momento em que se espera que o crescimento do consumo de petróleo da Índia ultrapasse o da China até 2025. As previsões sugerem que a Índia será responsável por 25% do crescimento total do consumo global de petróleo, o que a torna um importante mercado de energia.
Em janeiro de 2025, o Tesouro dos EUA aumentou a pressão sobre o setor de energia da Rússia, impondo sanções a dois grandes produtores de petróleo russos e colocando 183 embarcações na lista negra, principalmente petroleiros que transportavam petróleo bruto russo. Em fevereiro, as refinarias indianas começaram a aumentar as importações da América Latina e da África, prevendo mais interrupções no fornecimento de petróleo russo.
Enquanto isso, as empresas petrolíferas estatais chinesas reagiram com cautela, desconfiadas do crescente escrutínio das transações de petróleo bruto russo. Em março, grandes empresas chinesas, como a Sinopec e a Zhenhua Oil, reduziram suas importações de petróleo russo, citando preocupações de conformidade relacionadas às últimas sanções dos EUA.
Apoio legislativo para o uso de criptomoedas
Estão em andamento discussões entre os países do BRICS sobre o desenvolvimento de um sistema de pagamento “BRICS Bridge”. Esse sistema, que envolve o Brasil, a Rússia, a Índia, a China, a África do Sul, o Egito, a Etiópia, a Indonésia, o Irã e os Emirados Árabes Unidos, busca criar uma infraestrutura financeira alternativa que aprimore a cooperação econômica entre os estados-membros.
O Brasil, que assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro, deverá sediar a cúpula anual no Rio de Janeiro em julho deste ano. Um item importante da agenda será a discussão sobre o sistema de pagamento baseado em blockchain que será projetado para simplificar as transações internacionais.
Como parte dessa mudança, informamos recentemente que a Rússia introduziu um programa piloto usando ativos digitais lastreados em ouro para transações internacionais. Esses tokens digitais, que podem ser comprados com rublos, devem ser reembolsados em maio de 2025.
No entanto, o afastamento do dólar americano não passou despercebido. O presidente dos EUA, Donald Trump, emitiu um aviso severo ao bloco BRICS, ameaçando impor tarifas de 100% aos países membros se eles abandonarem o dólar em favor de sistemas de pagamento alternativos.