- Apesar de seus possíveis benefícios, a World Network enfrenta críticas sobre sua coleta de dados biométricos confidenciais, incluindo varreduras de íris.
- A World Network defende suas práticas de tratamento de dados, utilizando provas de conhecimento zero para armazenar com segurança dados biométricos localmente nos dispositivos dos usuários.
A World Network invadiu formalmente as Filipinas, um país famoso por sua forte penetração nas mídias sociais e pela crescente adaptação da inteligência artificial. Na segunda-feira, a corporação anunciou o futuro lançamento do World ID, um instrumento destinado a oferecer verificação de identidade segura e anônima. O serviço, que já beneficiou mais de 23 milhões de pessoas em todo o mundo, começará a ser utilizado pelos filipinos.
A rede mundial chega às Filipinas
O World ID oferece uma abordagem centrada na identidade para autenticar usuários humanos na Internet. O objetivo é criar um mundo on-line mais seguro, separando os verdadeiros humanos dos bots baseados em máquinas. Durante o lançamento, o serviço está sendo testado em determinadas regiões de Bulacan, com a intenção de ser implementado em todo o país eventualmente.
Prevê-se também que o processo de autenticação biométrica do World ID ajudará a conter os crescentes casos de falsificação de identidade e desinformação on-line nas Filipinas. Ao verificar a humanidade de um usuário, a plataforma visa minimizar as ameaças apresentadas por conteúdo gerado por IA e falsificação de identidade.
Houve um aumento das preocupações com relação a fraudes relacionadas a deepfake no país. Entre 2022 e 2023, as atividades de fraude relacionadas a deepfake aumentaram em mais de 4.500%. O fato de as Filipinas serem uma potência da mídia social no mundo torna esses riscos ainda mais importantes. Com a maioria da população usando plataformas de mídia social como o Facebook e aproveitando a IA para fins de trabalho, há uma necessidade crescente de soluções de identidade digital mais seguras.
Embora tenha a capacidade tecnológica, a expansão da World Network para as Filipinas está sendo analisada por seu método de coleta de dados. Os críticos soaram o alarme sobre a coleta de dados biométricos da plataforma, como varreduras de íris, para autenticar os usuários.
Questões legais e de privacidade da World Network
A World Network enfrentou oposição legal em vários países por questões relacionadas à privacidade e transparência dos dados. O Quênia suspendeu as operações da empresa pela primeira vez em 2023, invocando violações de sua Lei de Proteção de Dados. O governo apontou deficiências na obtenção do consentimento adequado dos usuários, bem como clareza inadequada no armazenamento e utilização de suas informações biométricas.
Investigações e questões regulatórias semelhantes surgiram na França, Portugal, Espanha, Hong Kong, Brasil e Coreia do Sul. Especialistas em privacidade alertam que a coleta e o armazenamento de informações biométricas confidenciais podem resultar em abuso, vigilância indevida e possível vazamento de dados.
Uma investigação conduzida pela MIT Technology Review no ano passado acusou a World Network de emitir processos de registro enganosos em países como Quênia e Indonésia. Ela indicou que os usuários não sabiam totalmente como seus dados biométricos estavam sendo tratados.
Nesse sentido, a World Network manteve sua palavra de usar tecnologias de proteção de privacidade de última geração, como provas de conhecimento zero, para que os dados biométricos sejam armazenados com segurança localmente nos dispositivos dos usuários. A World Network deixou claro que não retém nem faz uso indevido de informações pessoais.
Em outubro de 2024, a plataforma mudou de marca e lançou uma rede blockchain de camada dois, destacando sua dedicação à conformidade com as leis internacionais de proteção de dados. No entanto, ainda há preocupações, especialmente em áreas em que as estruturas legais de privacidade de dados ainda são subdesenvolvidas.